De acordo com dados do IBGE, 1% da população brasileira mais rica ganha, em média,
32,5 vezes mais do que os 50% dos mais pobres
O Brasil enfrenta enormes desafios no combate às desigualdades sociais e econômicas. O rendimento médio mensal real domiciliar per capita para a população mais rica foi de R$20.664,00 em 2023, enquanto o da população mais pobre foi de, em média, R$527,00. Esse abismo revela um país com concentração de renda acentuada e mobilidade social limitada. A falta de acesso equitativo à educação de qualidade, saúde, moradia e oportunidades de emprego perpetua esse cenário. Enfrentar essa realidade exige ações urgentes e integradas entre os setores público e privado.
O Instituto Ethos é uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) dedicada a mobilizar, conscientizar e apoiar empresas na gestão responsável de seus negócios, para que atuem como parceiras na construção de uma sociedade mais justa, ética e sustentável. A associação criou o “O Guia para empresas: como combater as desigualdades no Brasil”.
O guia identifica áreas prioritárias de atuação para o setor privado, como inclusão social, diversidade, equidade de gênero e raça, redução da pobreza e promoção de direitos humanos. Ele sugere práticas como a valorização da diversidade no ambiente de trabalho, investimentos em comunidades vulneráveis, promoção de transparência e combate à discriminação. O manual também destaca a importância de alianças com ONGs, governos e outras empresas para aumentar o impacto das ações.
Políticas públicas que promovam distribuição de renda, investimentos em infraestrutura social e melhorias nos serviços básicos são essenciais. O setor privado, por sua vez, pode contribuir com programas de inclusão, geração de emprego e apoio a iniciativas de desenvolvimento sustentável. Além disso, é fundamental o fortalecimento das redes de proteção social, com a ampliação de programas de transferência de renda e iniciativas voltadas à redução da pobreza.
Empresa de alimentação investe em campanhas de inclusão
Organizações privadas no Brasil têm se deparado com a crescente pressão para lidar com a desigualdade social, um problema estruturante que afeta uma parcela significativa da população. Em resposta, muitas organizações têm adotado práticas como a promoção da diversidade no ambiente de trabalho, programas de inclusão e ações voltadas para a equidade salarial. Essas iniciativas buscam não apenas melhorar a imagem corporativa, mas também contribuir para a construção de uma sociedade mais justa.
A Quality Soluções em Alimentação e Serviços é uma empresa privada com 30 anos no ramo alimentício, que leva a alimentação para colaboradores de diversas áreas oferecendo refeições elaboradas e equilibradas nutricionalmente.
Denis Souza, gestor de recursos humanos na Quality desde 2022, comenta sobre a política interna. “É um pouco desafiador, porque cada cliente tem a sua política, apesar de nunca termos tido problemas. Nós também temos a nossa política interna de igualdade e inclusão justamente para combater eventuais desigualdades. Somos uma empresa majoritariamente feminina, nossos cargos de liderança são ocupados em grande maioria por mulheres”, expressa o gerente.
É necessário, assim que um novo funcionário ingressa num novo ambiente de trabalho, ser orientado não só com as políticas internas, como sobre programas que a empresa pode ter em relação à desigualdade social. “Nós deixamos explícito as políticas da empresa, abordando esses assuntos e tornando público estas problemáticas que podem acontecer no ambiente de trabalho, e como que a Quality se comporta em relação a isso. Fazemos campanhas de conscientização sobre a importância da inclusão como a comunidade LGBTQIAP+ e violência feminina”, comenta.
Denis aborda o fato de também fazer parte da comunidade LGBTQIAP+ e como é importante a integração das empresas na luta contra a desigualdade. “Eu acho muito importante mostrar para o funcionário que ele não é só mão de obra, que é mais do que isso. Eu posso falar com propiedade por ser um LGBT, já passei por discriminação em outras empresas. E desde que eu entrei aqui eu sempre me senti muito bem acolhido, não senti nenhum tipo de preconceito. Quero que os funcionários sintam como eu me senti quando entrei, e como eu me sinto hoje”, finaliza.
A empresa evidencia seu compromisso com a inclusão e o combate à desigualdade social, integrando esses valores em sua cultura organizacional. Com políticas de acolhimento e diversidade, não atende apenas aos colaboradores, mas também reforça seu papel na criação de um ambiente mais inclusivo.
ONGs se destacam na criação de projetos sociais
As ONGs desempenham um papel essencial no combate à desigualdade social, oferecendo serviços e programas que atendem diretamente às necessidades de comunidades vulneráveis, como iniciativas de capacitação profissional. Essas organizações buscam reduzir a desigualdade e promover inclusão, atuando como um complemento fundamental às políticas públicas no país.
Fundada em 1978, no bairro de Heliópolis, em São Paulo, a UNAS (União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região) é uma organização sem fins lucrativos voltada para a luta por direitos de moradia, cidadania e inclusão social. Em parceria com o poder público, empresas e organizações sociais, a entidade atua para superar barreiras que isolam as periferias, oferecendo mais de 50 projetos nas áreas de educação, cultura, assistência social, saúde, esporte e inclusão de mulheres, jovens e LGBTQIAP+. Mensalmente, cerca de 6 mil moradores são beneficiados diretamente por essas iniciativas.
Wallace Lopes França trabalha na área de comunicação da instituição e destaca sobre os projetos sociais que a Unas oferece para a comunidade. “95% dos nossos projetos sociais são de parceria com a prefeitura, por meio da Secretaria de Educação e da Secretaria de Assistência Social de Direitos Humanos. Em outros projetos, temos parceria com organizações internacionais que nos financiam aqui na região. Contamos com creches, pontos de cultura e de esporte, projetos de rede de proteção para crianças, adolescentes ou mulheres que sofreram alguma violência seja ela qual for, sexual, física ou psicológica, e outros”, conta.
Dentro da ONG, trabalham em torno de 800 funcionários, sendo 91% moradores da comunidade Heliópolis e região, destes, 70% são pessoas pretas e pardas e 75% são mulheres, sendo muitas em cargos de liderança. “Somos trabalhadores registrados pelo regime CLT. Hoje tem ações que exigem um voluntariado, mas a maioria é registrada”, fala Wallace.
Para finalizar, Wallace aborda a importância da ONG na comunidade, combatendo de dentro para fora a desigualdade social, ajudando os habitantes locais. “Eu também fui uma criança moradora de Heliópolis, consigo sentir muitas das coisas que essas pessoas estão passando hoje e vice-versa. Elas também sabem que eu passei por essa realidade, então transformar a vivência e a atuação desse profissional na prática é muito importante para nós. Heliópolis e região tem muito mais a oferecer”, expressa.
O combate à desigualdade no Brasil exige uma ação conjunta e persistente, que envolva não apenas políticas públicas robustas, mas também o engajamento do setor privado e de organizações da sociedade. Iniciativas como as da Quality Soluções em Alimentação e Serviços e da UNAS mostram como empresas e ONGs podem atuar como agentes transformadores, promovendo um ambiente de trabalho mais inclusivo e impactando positivamente comunidades vulneráveis. Essas práticas não só valorizam a diversidade e a inclusão, como também contribuem para reduzir o abismo socioeconômico, proporcionando uma sociedade mais justa e equilibrada.
Sobre
Quality Soluções em Alimentação e Serviços
Site oficial: https://quality-sas.com.br/
Alguns conteúdos:
Responsabilidade social da empresa mostra doações e contribuições que a Quality faz:
Página do Facebook onde a empresa é ativa nas postagens sobre eventos e atividades internas:
UNAS
Site oficial: https://www.unas.org.br/
Alguns conteúdos:
Atividade na Quadra da UNAs, com a participação de moradores, ativistas e trabalhadoras da organização para o encontro dos movimentos sociais fé e política e de mulheres:
Primeiro episódio do podcast postado no youtube chamado Mulheres de Luta, criado pela UNAs traz relatos em áudio da vida real, com objetivo de partilhar lutas, vivências e trajetórias de mulheres potentes:
Comments